Sobre a Sandy e o meu momento
Tava na hora de escrever de novo, aqui. “Eu lutei contra tudo, eu fugi porque era seguro”. Estou com 41 anos de idade. Nunca dei a menor bola pra Sandy. Achava cafona, até.
Pois, veja só, na quarta década da minha vida, passei a apreciar algumas músicas dela.
Ouvi a live de quarentena, de Dia dos Namorados. Chorei com “Pés Cansados”. Gostei. Me perguntei: o que diabos aconteceu comigo? Não sei.
“Depois de tanto caminhar, depois de quase desistir”. Quero perguntar a você, que me lê agora, tá fácil por aí? Porque aqui tem sido difícil.
Sabe aquelas estradas cheias de pedras? De carro ou a pé, dói. O carro sacoleja. Os pés sentem as pedras, mesmo bem calçados com tênis reforçados, com amortecimento e tudo e tal. Dói.
Mas não é disso que eu queria falar hoje. Queria falar da imensa capacidade que nós, seres humanos, temos, de nos reinventar. Todos os dias, um dia após o outro.
A caminhada é longa e tem erro, tem mágoa, tem cobrança, tem vingança, tem dor, tem amor, tem coisas bonitas e pequenas, coisas bonitas e grandes. Taça cheia, taça vazia. Coração cheio, coração vazio.
“E todo o medo, desespero, e a alegria”. A Sandy tá cantando aqui no meu Spotify. E eu nem sinto que devo pedir desculpas por meu bom (ou mau) gosto musical porque, enfim, gente como eu encontra ressonância em música, poesia e arte.
É disso que sou feita. Mesmo que a música de hoje caia mal aos seus ouvidos. Não peço desculpas. “Isso vai passar também”.