Memórias de junho

Lu Mastrorosa
2 min readJun 29, 2020

Um rodopio. A vida como um passo de dança. Duas semanas que junho me trouxe para “organizar” a vida. E que voaram alto, alto, explodiram como o brilho momentâneo dos fogos de artifício e se encerraram em cinzas.

Para começar tudo de novo, mas de um jeito diferente. Não é o que se pensa? Penso eu.

Junho está findando, para mim, com enxurradas. Mais enxurradas que festas, naquele dia em que choveu o céu inteiro e a casa, a parte de cima dela, alagou. Um ralo entupido? Goteiras no teto? Água empoçada na laje? Não saberia dizer.

Só sei que passei o fim de semana entre rodos e esfregões e vassouras e cândida e desinfetante, tirando aquela água que parecia nunca ter fim, de quartos, escritório, banheiro. Milagrosamente, não escorreu escada abaixo. Também poupou três pilhas de livros que se equilibram no piso do escritório — alívio.

Hoje é segunda-feira, diz que Marte está em Áries, o que, teoricamente, me favorece. Parece que sim, acordei com os olhos bem abertos, depois de ter imaginado cenas bonitas de futuro, antes de dormir.

O céu, azul claro, com aquela luz amarela de inverno tão nossa, paulistana. Saí cedo, fui à padaria comprar pão, desejos de pão na chapa com requeijão, como aquele da padaria. De quando a gente ainda podia ir à padaria tomar café, sentadinhos do lado de dentro, olhando a vida passar pelo vidro, caneca de café quente nas mãos.

Não lamento. Antes, celebro. Um mês de revezes, altos e baixos, algumas (in)definições, passos para frente, alguns para trás, retomando a marcha rumo a outros dias. Dias melhores, creio, espero, faço o que estiver ao meu alcance para ocorrer.

Agora, é a hora de esperar julho e seus dias gelados, a canção do café passando no filtro, o cobertor quente, pensando em como fazer para ajudar os que têm nada disso e precisam, merecem, como todos nós.

Enquanto isso, caminhamos. Devagar ou com pressa, caminhamos, para esta vida nova prometida.

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